Flamengo é muito Brasil ou Brasil é muito Flamengo?
Se para os norte americanos o dia 04 de julho representa a independência e orgulho de uma nação, tal mês agora terá pra sempre uma nova nação inserida, uma nação mundial, assim como os norte americanos, a nação rubro negra. No dia 1º de julho de 2020 foi, até então, porque na justiça a decisão ainda não foi transitada em julgado, sem dúvida, o dia da independência flamenguista. Sim. Por que não? Afinal, após o marco já realizado na década de 70 quando o presidente à época, Márcio Braga, iniciou o movimento de direitos de transmissão como um "produto" para comercialização junto aos meios de comunicação da época. Agora em 2020, o Flamengo mais uma vez, junto a uma medida provisória, assume o protagonismo nacional e como locomotiva abre novo cenário para o mercado de direitos de transmissão, patrocínio e gestão de sua marca. Para todos os clubes, basta seguir e ajustar e adaptar a sua realidade e potencial de mercado.
O novo grito do Ipiranga, dessa vez às margens do Rio Maracanã, foi, embora de maneira bem diferente do showtime estruturado norte-americano, bem realizado. Até acima das expectativas e da normalidade tupiniquim.
Um pré jogo com cenário fruto de patrocínio pré comercializado, inserções de product placement, contínuo uso de conteúdo próprio do clube, com entrevistas, personagens, filmes e até conteúdo infantil para a garotada. Os patrocinadores, embora não tenham sido explorados de maneira completa com relação aos formatos possíveis e existente, estiveram presentes ao longo de todo pré jogo. Ou seja, se não foi o show que costumamos assistir quando os reis yankes do showtime são solicitados, tivemos à nossa "moda" um show à altura do que é possível, principalmente porque é tudo novo e claro, precisamos ter consciência de que o período também não ajuda em nada. Aliás, só atrapalha. E foi sim, um marco para se orgulhar. Ninguém nunca na história deste país foi tão desafiado, esteve tão à mercê de ter tudo a perder o tempo todo e conseguiu entregar tanto com tão pouco tempo e com tanta qualidade como foi feito.
A assinatura e registro da independência se deu ao longo do jogo, com uma locução e análise parcial, ora bolas, o que esperavam de uma FlaTV? E uma organização gráfica quase que padrão TV Globo, não foi ironia... Aliás aqui vale a ressalva que necessita urgente de ajustes. Desde a fonte dos caracteres, o tamanho, as logos sobrepostas, o não uso dos espaços para inserções e marcas e o ajuste do tamanho do QR code na tela. Mas se pudesse e tivesse a moral para julgar, daria nota 9.
A partida passou como se fosse algo que todos já estivessem acostumados. Como se esta cultura digital do streaming estivesse consolidada na emoção e razão de todos. Os números? Como tudo associado a Flamengo, recorde! Audiência no Youtube, recorde! (nota: o primeiro colocado até então era um clássico nacional de Libertadores; o jogo do Flamengo era contra um rival "pequeno" do campeonato carioca). O número de inscrições no canal, recorde! Os valores arrecadados pela monetização, doações (superchat) e compra de ingressos virtuais, recorde! Ahhhhh... e principalmente a comparação sobre audiência e disputa com a TV que perderá sua galinha dos ovos de ouro, foi dura. E ela jogou sujo, abriu a partida para quase todo Brasil. E digo mais, quem mediu a audiência tem severa intenção em quem sabe botar gordura nos números. Afinal a fórmula IBOPE/MONTENEGRO e Botafogo falam por si só.
Por fim, alguém tem dúvidas que o mercado, em caso de aprovação da MP984 no futuro, mudará o mercado de direitos de transmissão e poderá avançar ainda mais sobre a ótica de formatos novos de mídia, de conversão, de patrocínios, de gestão de marca, de empregos e de modelos de negócios. Há uma nova nação pedindo independência, e ela não depende de velhos modelos de um Brasil absolutamente engessado comercialmente e parado no tempo. Basta trabalhar e querer fazer direito.
Por Ricardo Perrotta - CEO Buzzer Digital